Um notável jurisconsulto que, em tempos idos, desempenhou um lugar oficial nas ilhas Sandwich, tombou com a mão, inadvertidamente, numa noite, uma lâmpada de petróleo, e ficou muito surpreendido por ter notado que o líquido inflamado não lhe causava dor alguma ao cair nessa mão. Chamou o médico; e a surpresa se transformou em horror ao ouvir que estava atacado de lepra.Analogamente, a lepra moral não dá, no seu primeiro grau, a dor física; prende, pelo contrário, a sua vítima ao prazer sexual que lhe proporciona, e, excitando-lhe a animalidade, lhe vai nublando a pouco e pouco o espírito, até que desapareça no homem a imagem divina.Assim como o ópio anestesia a sensibilidade física, assim também a impureza anestesia a sensibilidade espiritual, minando traiçoeiramente o organismo e submetendo lisonjeiramente “agradavelmente” o prazer sexual à inconsciência do perigo.Com a impureza de pensamentos, palavras e obras, acontece quase o mesmo que se dá com a impureza do ambiente. Os que vivem em habitações insalubres “doentias; não sadias,” onde falta o ar e escasseia a luz, acostumam-se a respirar aquela atmosfera infecta “muito ruim; contrária quanto à moral,” e não sentem, por isso, as emanações “manifestações” indignas ou nojentas da sua respiração desmoralizada, podre, adulterada e pervertida. O mesmo se pode dizer dos frequentadores de cafés, teatros, cinematógrafos e outros recintos fechados, de ventilação defeituosa; tais frequentadores se habituam a um ambiente deletério “prejudicial à saúde; danoso; desmoralizador,” sem darem conta do cheiro nojento, próprio da atmosfera pesada e sufocante que só é notada por quem, vindo da rua, entra nesses lugares.Semelhantemente, o hábito dos pensamentos, palavras e obras obscenas há de parecer natural a quem a isso se acostumar, por não ver nesse hábito nada que seja pecaminoso “da natureza do pecado” ou funesto “infeliz;” mas quem tiver a mente e o coração limpos reconhece, imediatamente, a impureza do ambiente psíquico onde só reina a obscenidade habitual.Profunda filosofia encerravam as palavras que Tennyson pôs nos lábios do jovem e imaculado “puro; inocente” Sr. Galahad: “A minha fortaleza equivale à de dez, porque o meu coração é puro.”A pureza fortalece; a impureza debilita. A pureza constrói; a impureza destrói. A pureza edifica; a impureza desmorona.A pureza é energia, porque significa retidão de pensamento e de conduta; pureza quer dizer integridade. O impuro não pode dispor de fortaleza pessoal, porque, como sabe que há uma certa podridão no seu caráter, é-lhe impossível confiar completamente em si, e muito menos em Deus, cuja lei divina infringe num dos seus pontos mais importantes, o que vale o mesmo que violá-la em todos. O apóstolo Santiago disse: “Porque quem quer que tivesse guardado a lei e a ela faltasse num só ponto, fez-se culpado de todo.”A impureza atua como uma levedura “fermento,” e afeta o homem no seu conjunto; apesar dos seus apetites sexuais, esse homem pode prosperar durante algum tempo, mas tem no seu caráter uma perversão moral que há de dar fim de si, se não acabar, antes disso, com o seu vício prejudicial.Não há, na ordem física, mental e moral da vida, preceito mais necessário, salutar e positivo que o seguinte: “Mantém-te puro.” É este o grande mandamento próprio para a juventude. Não demos ouvidos a quem nos disser que o vício da impureza é uma “necessidade fisiológica.” O que é mau não é preciso. Toda a maldade é fraqueza. Nada tem de comum o vigor e o vício. A pureza é força, saúde, poder e caráter; é um dos atributos mais importantes da divindade no homem. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.”Leia mais