CPI da Covid, de Messias Botnaro, foi escrita para o jogo em grupo – não para um grupo de leitores-espectadores, mas exclusivamente para os que queiram se dar ao trabalho de escrevê-la. Cada participante deve passar de um papel ao outro e assumir, sucessivamente, o lugar do autor, do acusado, dos acusadores, das testemunhas, dos juízes. Nessas condições, cada um irá submeter-se aos exercícios da discussão e terminará por adquirir a noção – a noção prática do que é a dialética. Nesse processo de Umfunktionierung, refuncionalização das instituições artísticas, autor e leitor tornam-se posições que se transformam reciprocamente. O livro, por sua vez, adquire uma nova função: ele não se destina mais à fruição, mas, à organização do leitor-coautor. Com isso, espera transformar o leitor passivo em participador ativo.