O jovem e promissor historiador André Luís Ferreira, traz à cena o protagonismo dos índios, principalmente das índias, que pleitearam judicialmente suas liberdades no Tribunal da Junta das Missões. Se o tema pode surpreender o leitor, o que se pode dizer é que o autor faz o que de mais atual e sério se pode esperar de uma pesquisa em História, afinado metodologicamente, com fontes interessantíssimas e com narrativa agradável. Quem percorrer estas páginas é convidado a conhecer não apenas o funcionamento institucional, os agentes e competências da Junta das Missões do Maranhão – objeto que já carecia de análise histórica -, mas principalmente é convidado a “invadir” os sertões, conhecer sobre os resgates, descimentos e acompanhar as negociações e (re) apropriações feitas pelos índios na busca por suas liberdades. História social do melhor tipo, sujeitos de carne e osso sendo agentes de suas próprias trajetórias. A narrativa envolvente, a discussão bibliográfica acertada e a qualidade no trato com as fontes merecem um olhar atento do leitor. Não é um livro apenas para historiadores. É uma obra que nos convida a conhecer sobre os indígenas do Maranhão e da Amazônia no século XVIII através da pesquisa qualificadíssima do autor.
Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz