Figueredo, pessoa solitária e medíocre, conta-nos, com palavras próprias, sua conduta irresponsável, seus métodos hediondos e como tudo isso atraía amigos indesejáveis. Após muita lamúria e pensamentos presunçosos sobre o que o cerca, encontra-se diante dos embaixadores — aqueles que trazem à tona a verdade fantasmagórica. Esquivando-se destes e prosseguindo nos erros, Figueredo si leva ao abismo do alcoolismo e penetra-se no vazio da alma, cujo ambiente sujo o faz vomitar em sua própria face.
Quando um homem decide contar sua própria história, não há como calcular quantos outros homens se identificarão com sua história — e podemos dizer que este é um exemplo. Figueredo Lacerda — homem enigmático e agora morto — leva-nos à intimidade aprofundadora da alma e mostra-nos como não merecemos nada, mas merecemos alguma coisa. Sua parábola define aquilo que tanto já se comentou e estipulou: seria o homem cercado por fantasmas indesejáveis? Ou seria o homem o seu próprio fantasma?
Este, demonstrando grande sabedoria após uma vida turbulenta, mostra-nos — através de achados incompletos; contudo, o suficiente — o que é a ignorantia. O documento simples, mas não simplório, aborda o homem, a ignorância e o extremismo. Nas adequadas palavras de Figueredo:
“Eu não acredito que as pessoas sejam essencialmente más ou essencialmente boas, eu acredito que as pessoas sejam essencialmente ignorantes.”