Em seu primeiro livro, com crônicas de memórias que começou a escrever no Facebook há quatro anos, Manoel conta histórias singelas de uma criança que descobre o mundo em um Portugal rural de meados do século passado, numa aldeia ao pé da Serra da Estrela, durante a Segunda Guerra Mundial.O portuguesinho comove o leitor com sua ingenuidade de menino criado até os nove anos pela avó, uma rústica senhora lusitana que lhe impõe rígidos códigos de educação, até o momento em que ele encontra pela primeira vez o mar, ao embarcar em um navio que o levará ao Brasil para conhecer os pais.Quem leu Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos, vai encontrar semelhanças entre a história de Zezé e os relatos de Manoel e se emocionar tanto quanto naquele clássico lançado em 1968. Só que, no lugar de um subúrbio carioca, o menino que começou a trabalhar aos cinco anos vive suas fantasias infantis nas trilhas remotas de Portugal, protegido pelo irmão Irineu e acolhido por vizinhos e parentes, solidários em um tempo de escassez de alimentos, dificuldades de moradia e rigores do inverno.Acredito que A fonte e a oliveira vai comover o leitor a ponto de estimulá-lo a querer saber mais sobre a sequência da vida desse escritor talentoso, ainda que tardio, Manoel Martins, que se aventura na literatura aos 84 anos. .