Como bem recomenda Jorge Luís Borges, o prefácio de uma obra não deve se dedicar a elogiar imerecidamente o seu conteúdo, mas a analisá-lo antes do leitor, apresentando um juízo crítico sincero. Ainda segundo o festejado escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino, “el prólogo, en la triste mayoría de los casos, linda com la oratória de sobremesa o con los panegíricos fúnebres y abunda en hipérboles irresponsables, que la lectura incrédula acepta como convenciones del género”. Para não incorrer no erro tão sabiamente denunciado por Borges, é preciso bastante critério ao aceitar a honrosa e lisonjeira tarefa de prefaciar uma obra. Elogiar obra indigna de cumprimentos, por receio de ferir susceptibilidades, só não é mais inadequado do que aceitar a tarefa e tecer críticas inesperadas que indelicadamente frustrem as expectativas de quem formulou o convite.