Este livro é a versão atualizada da dissertação do curso de Mestrado em Direito da UFSC, desenvolvida sob a orientação da Professora Doutora Grazielly Alessandra Baggenstoss. É resultado das pesquisas desenvolvidas pelo Lilith – Núcleo de Pesquisas em Direito e Feminismos, também coordenado pela Prof.ª Grazielly. A pesquisa teve intuito de dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos por pesquisadoras do grupo de estudo.Mas também é fruto de “palavras que afloram de um nó na garganta”. Os povos indígenas guaranis chamam a garganta de ahy’o e de ñe’e raity, que significa, de maneira literal, “ninho das palavras-alma”, porque sabem que as palavras têm alma e emergem da situação do mundo atual. O objetivo deste livro é, portanto, se localizar à altura desse tempo para dizer o que sufoca e produz um nó na garganta e, sobretudo, o que está aflorando diante disso para que a vida recobre um equilíbrio, como ensinou Suely Rolnik.Há a preocupação para que contribua no processo de superação de violências. A partir de mapeamentos, pode-se buscar estabelecer estratégias práticas, confiando no potencial das micropolíticas. Mas também objetiva-se auxiliar no desenvolvimento de uma teoria de um direito de dentro para fora. De um direito que conhece as realidades de perto e que se preocupa com a superação das violências e da subjugação das mulheres.E para que, principalmente, quem leia a pesquisa encontre nas palavras algumas ressonâncias dos afetos e das forças do presente em seu próprio corpo. Que as ideias produzam o conforto e a força, tal qual é saber que onze onças pintadas foram fotografadas vivas no Parque Estadual Encontro das Águas, no Pantanal do Brasil, apesar de todo o fogo. E que, em continuidade do que ensinou Rolnik, essas ressonâncias lhe sirvam de companhia para desatar os nós que estes afetos produzem em sua garganta, deixando germinar palavras que plantam o futuro, que se anuncia além do sufoco.Como se constrói um futuro? Ninguém vai conseguir tecer essa resposta sozinho. Nós precisamos imaginar futuros possíveis. E imaginar um futuro que queremos viver é um ato de resistência.