Afinal, quem nunca sentiu-se estranho em algum momento na vida? Por que há muitas maneiras de sentir-se estranho, e isso não é um sentimento negativo como o senso comum costuma rotular; muitas vezes, é uma descoberta libertadora.
Você pode estar passando por uma “fase estranha” na sua vida, na qual você vivencia a realidade de outra forma e, por isso, sente-se estranho, mas ninguém percebe isso em você. Você pode também, desejar “ser um estranho”, como forma de distinguir-se dentro do atual rebanho digital das redes sociais, por exemplo. Mas e aquelas pessoas que já nasceram “estranhas”, pessoas que desde a infância ultrapassam o mundo fenomênico e suas limitações tridimensionais?
Foi pensando nessas pessoas, que resolvi escrever este pequeno livro de relatos autobiográficos. Por que há uma imensa comunidade de incompreendidos em termos espirituais. São os clássicos “estranhos”, que acabam vivendo sufocados numa sociedade capitalista que os impulsiona somente para o consumo e a obtenção de lucro, desviando-os de qualquer aproximação com a genuína espiritualidade.
Como deve sentir-se aquele indivíduo que não teve outra opção, a não ser ocultar vivências importantes para a apropriação de sua singularidade, tudo por conta de um meio social que não reconhece ou valoriza estas experiências?
Mulheres libertárias que viveram à margem da sociedade patriarcal, foram queimadas nas fogueiras da Santa Inquisição na Idade Média; o Holocausto vitimou seis milhões de judeus, além daqueles que perderam a vida no mesmo tribunal católico medieval. O pensamento de uma época, através da não aceitação das individualidades e singularidades, aniquila o Outro, que é sempre forjado como o Grande Inimigo da sociedade.
Quem poderia imaginar que na era digital, falsos gurus, magos e bruxas de internet, livros manipuladores, além de cursos online de magia inventada no chuveiro, estariam invadindo o mundo virtual como baratas famintas invadem uma caixa de biscoitos.
Não apresento ao leitor conteúdo denso, pesado. Pelo contrário, mostro com leveza e pequenas doses abrasivas de humor, algumas interações cotidianas possíveis com o suprassensível, destinadas aos que possuem sensibilidade para compreendê-las. Caso o leitor desfrute de alguma conexão com esferas sutis, poderá identificar-se e divertir-se com os episódios, pois com certeza terá vivenciado situações parecidas.
Que os deuses estejam conosco!