O livro Diálogos interdisciplinares em Saúde Mental as pesquisas qualitativas em saúde são a temática central de reflexão. No Brasil, os estudos qualitativos tem como suporte epistemológico a Fenomenologia. Aqui, os autores se valeram de diversos percursos metodológicos para explorar o fenômeno estudado. Temos estudos teóricos e empíricos; pesquisa documental, etnográfica, estudos de caso, entre outros para apresentar os sentidos presentes no mundo da vida dos autores e colaboradores.Os textos contém uma diversidade temática, entretanto se pudéssemos eleger um fio condutor para a obra mencionaríamos a Resistência oriunda do Cuidar e da organização social dos profissionais da saúde em Coletivos visando opor-se ao descuido que afeta a saúde, a educação, enfim, o mundo da vida de cada um que atua nos contextos de saúde.No capítulo um homenageamos o Professor Dr. Fernando Luís González Rey por suas contribuições para o campo das pesquisas qualitativas em Psicologia. Ele é reconhecido pela comunidade cientifica como um grande educador e pesquisador. Com prazer abrimos a obra com a narrativa crítica do Prof. Dr. Daniel Magalhães Goulart sobre problemas epistemológicos e metodológicos centrais para a pesquisa qualitativa no campo da psicologia e da saúde mental. Continuando a obra, María Lucrecia Rovaletti discute aspectos relacionados ao sofrimento psíquico em contextos tradicionais de saúde. Bruno Callieri e Angela Ales Bello apresentam ponderações acerca da psicopatologia fenomenológica existencial; Ewerton Helder Bentes de Castro avoca a Fenomenologia heideggeriana para pensar sobre o Poder-ser, as escolhas, as decisões que tomamos no mundo da vida quando se recebe o diagnóstico de doença crônica. Pedro Nazareno Barbosa Júnior escreve sobre o cuidado em saúde mental. Patrícia do Socorro Magalhães Franco do Espírito Santo, Ana Maria Campos da Rocha, Mylena Nahum Sousa Cardoso discorrem sobre adolescentes em situação de vulnerabilidade. A questão do Reconhecimento de Si e do outro estão presentes no capítulo composto por Adelma Pimentel e Lorena Schalken. Inspiradas nas orientações do filósofo Paul Ricoeur apontam que o Reconhecimento é uma pratica cotidiana presente na biografia de cada pessoa, desveladas fenomenologicamente na pesquisa qualitativa. Nazareth Malcher reflete sobre o percurso do reconhecimento e as tarefas laborativas do cotidiano, considerado como uma rede dinâmica de tarefas, ocupações, rotinas e papéis ocupacionais. A importância deste estudo é identificar a biografia ocupacional do usuário do serviço de saúde mental. Raquel de Paiva aborda a interface Fenômeno Religioso e Sofrimento Psíquico Grave. A abordagem fenomenológica no campo religioso favorece a sistematização de um método de compreensão para além da descrição da experiência religiosa, partindo da análise das linguagens e das manifestações dos fenômenos. Lucélia Bassalo, Ana Daniele Mendes Carrera, Alessandra de A. Souza e Mayanne Adriane C. de Souza ponderam que um projeto social de governo democrático requer organização intersubjetiva. Nele, a educação é a via que contribui para o empoderamento das pessoas. Adelma Pimentel e Natasha C. Ferraz de Lima apresentam um estudo de caso clínico de orientação gestáltica em uma clínica escola de Psicologia da Região Norte, na qual mostram o percurso do processo psicoterapêutico. Destacam o acolhimento, à confiança, e abertura para realizar experiências geradoras de ajustamentos criativos.Renner de Almeida Bernardes Mariano e Tommy Akira Goto mostram por meio da literatura as narrativas sobre o aconselhamento conjugal direcionado pelo foco humanista. Tania Inessa Martins de Resende e Henrique Campagnollo Dávila Fernandes relatam uma experiência com a atividade de futebol desenvolvida em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). A proposta visou ampliar a convivência entre os usuários.