Prefácio por Lhaisa AndriaQual literatura é fantástica para você? Sem dúvidas, eu responderia: todas as leituras precisam ser fantásticas. Se não forem, qual o objetivo de se ler? Todo o tempo que dedicamos a algo, seja qualquer coisa, inevitavelmente é uma dedução do nosso tempo de vida. Então, que seja proveitoso, certo? O mesmo se aplica a nossas leituras e, portanto, espero sempre que elas sejam fantásticas 😀E não entenda ‘fantásticas’ por aquelas histórias repletas de mundos incríveis, magias que mais parecem efeitos especiais de cinema, animais grandiosos e reluzentes, vilões poderosíssimos e invencíveis, batalhas épicas que decidirão o rumo de toda uma era… Ao contrário do que muitos podem pensar, elas podem ser bem simples, apenas um pequeno fragmento de mundo, mas que o autor consegue impregnar de uma dimensão de significados que é impossível não se encantar.Estou falando de uma boa história mesmo, daquelas que merecem serem relidas e redescobertas de tempos em tempos. Que nos deixam sem ar quando o capítulo termina, que fazem nosso nariz coçar e olhos lacrimejarem ao nos levar pelas emoções que os personagens enfrentam, que nos enchem de orgulho e vontade de dar saltos de alegria quando algo dá muito certo, que tornam nossa vida impossível de ser seguida enquanto não sabermos da conclusão da aventura. Afinal, o caminho percorrido sempre é mais denso do que a última página. Pois, como já dizia Tolkien, aquele que redefiniu a literatura de fantasia para os tempos modernos: “O mundo das fadas contem muito mais coisas além dos elfos e fadas, e além de anões, bruxas, trolls, gigantes ou dragões: tem os mares, o sol, a lua, o céu, aterra e todas as coisas que há nela: árvore e pássaro, água e pedra, vinho e pão e nós, homens mortais”.Contos sobre universos fantásticos são uma oportunidade de autores apresentarem aos leitores novas leituras fantásticas. Um pequeno fragmento que traz o vislumbre de uma profundidade, um convite para mergulhar mais longe.Espero que aqui vocês encontrem leituras fantásticas!
Objeto 2032-ABC ( Adnelson Campos)O noticiário não trata de outro assunto e o pânico toma conta da população. Mesmo que haja sobreviventes, não haverá alimento para todos. As lojas e supermercados foram saqueados e os sistemas de logística e produção não funcionam mais. O caos toma conta das cidades e do campo. Ondas de violência dominam as ruas e as pessoas, que ainda não fugiram, evitam sair de casa.
O Forasteiro(Brunna Brasil)Era noite alta quando tudo começou a mudar. Lembro-me de estar observando a imensidão de estrelas sobre mim, enquanto o vento que corria pelo promontório acariciava meu rosto e movia meu vestido ao seu bel prazer. Então olhei as ondas que também se moviam: foi quando vi o pequeno barco que era trazido gradativamente até nossa costa.
O Príncipe Alado(P. Couto)Manuscritos de idade incontável dão conta da profecia do oráculo Jor. São relatos da criação dos Quatro Mundos, experimentada pelo próprio oráculo. Cada linha, cada letra descreveria o destino de seus habitantes. Nenhum sopro, nenhuma sombra, nenhuma partícula era desconhecida de Jor: tudo havia sido pensado para ser e acontecer da maneira como ele havia estabelecido. Criou um mundo de cada vez, pois sempre que se acostumava com o que observava, dava asas à imaginação e fazia a pena deslizar no couro recriando tudo o que imaginara previamente. Em sua solidão milenar escreveu o que considerava perfeito em termos de línguas, lugares e pessoas, a começar pelo Mundo Espectral, com suas criaturas etéreas, diáfanas, e nelas depositou todo o conhecimento. O Segundo Mundo foi preenchido com as águas que se espalhariam pelo Mundo Terreal, criando uma relação de dependência entre eles. Por último, criou o Mundo Ígneo, o mais rude e sensorial de todos. Entretanto, nem toda criação cede aos desejos de seu criador.