A proposta da obra é oferecer referências não só válidas, mas também reflexivas para a negação da crença e da fé religiosas. Questionar se elas causam ou não a separação entre as pessoas, semeando a intolerância, a desunião e o conflito na Humanidade. Através de frases curtas, citações e perguntas que promovem a reflexão, o leitor é levado a ponderar sobre o que é bom para todos, empregando aquilo que lhe é inerente: a razão. Em várias páginas podem ser encontrados três símbolos de interrogação (???), indicando que se está diante de um questionamento apesar de ser uma afirmação, pois o que se quer é a ponderação. O livro adota um enfoque cético mas positivo que além de procurar manter a mente aberta, parte da premissa de que fazer o bem aos seres vivos, não lhes fazer o mal e não lhes prejudicar, não depende de ter uma fé religiosa.
São apresentadas inúmeras questões, por exemplo:
– Seriam muitos os perigos decorrentes da via religiosa, dado que a religião pode separar o grupo humano que nela se reconhece, pela oposição aos que põem em prática uma outra fé. Toda crença, na medida em que define e diferencia uma comunidade humana, poderia servir de justificação a um conflito que opõe aquela a outros grupos humanos de prática religiosa diferente. Como a guerra, a religião poderia ser vivida como uma manifestação violenta da solidariedade coletiva.
– Não há como negar que a religião é uma produção humana, pois foi o ser humano quem fez a religião, não foi a religião que o fez. Então, a crença em Deus teria surgido, sobretudo, pelo medo. Mais do que medo, o gênero humano ao se desesperar diante do mundo, encontraria consolo no divino, que representaria a figura de um pai protetor. Caberia, então, ao ser humano reivindicar a sua liberdade negando Deus; pois se o ser humano é livre, deveria então se distanciar daquele que pela ótica religiosa o manipularia como uma marionete.
– Certamente, o medo, a culpa e o castigo são uma tríade histórica presente nos processos de natureza religiosa, que se caracterizam pelo doutrinamento, manipulação e exploração dos seres humanos. Então, as religiões, principalmente as monoteístas, seriam usadas para legitimar a corrupção, para dominar de acordo com uma moral contrária à natureza humana. Elas teriam servido apenas para iludir o gênero humano. São instituições de repressão e corrupção, que organizam a ilusão das massas.
São reflexões como essas que você vai encontrar a cada página, que pretendem questionar as suas convicções. O que se quer, é que você pense por si mesmo e não como o autor pensa. Trata-se de uma excelente oportunidade para exercitar a dúvida saudável, que leva ao esclarecimento ou a desconstrução daquilo que é potencial ou inegavelmente nocivo.