O homem atual decifra enigmas, do ponto de vista intelectual, com muitafacilidade. Muitas crianças, ouvindo o enigma da Esfinge que devorou tantosno tempo de Édipo, poderiam responder com simplicidade, após algunsinstantes de reflexão.Não se resolvem enigmas de figuras místicas, misteriosas, devoradoras e deprofundo simbolismo, simplesmente relegando-os ao campo de umacuriosidade intelectual, e aí está a inevitabilidade: é que Édipo não se furtou aoenigma, mas nunca soube que, ao aceitá-lo, apenas cumpria seu inexoráveldestino, há muito predito pelos deuses.A infelicidade está em geral relacionada à falta de profundidade com que o sujeito trata a própria vida, e as oportunidades para modificar essa situação estão disponíveis a todo momento, embora pareçam enigmaticamente ocultas, escondidas como se fossem esfinges do cotidiano: estátuas cobertas com um eterno véu que, ao se levantar, pode se revelar mais denso do que parecia no início.Este livro caracteriza essa situação e sugere meios de abordá-la.