Agir com sabedoria é fazê-lo motivado pela razão práti-ca e jamais agir impulsionado pela razão pura. A Razão Prática seria aquela que nasce a partir da análise e reflexão dos conflitos cotidianos inerentes a todo ser humano. Tem-se, assim, que é um instrumento de cu-nho empírico. Já a Razão Pura é um produto da moral, do consenso, está dada, logo, não há que discutir, bas-tando sua aplicação iminente por parte de quem manda e aceitação passiva por parte dos outros.
Comete-se as mais bizarras arbitrariedades em nome de sentimentos considerados nobres, em sua maioria por falta de um preparo axiológico adequado, por não querer distinguir aquilo que é certo ou errado, buscando acima de tudo “quem” está certo ou errado. Nem sempre o que é certo para alguns será para outros e não trata-se de relativismo, é algo que supera a tudo isto, é a contextualização histórica dos acontecimentos. Tratá-los sem o devido entendimento dos fatores endógenos e exógenos que os envolvem já é, por si só, um ato de insensatez.
A sabedoria perdeu seu foco no indivíduo depois de Sócrates. Antes deste filósofo havia o sophós (o sábio), aquele que dominava uma técnica e era respeitado no seu oficio como um gênio. Com sua dialética perversa, Sócrates destrói o saber do sábio e o transforma em um suposto saber. Com isto a sabedoria perde o seu rol de poder, porque esta somente se manifesta por meio do discurso do sábio e uma vez que este é algo que supõe-se ser verdadeiro ou mesmo suficiente, toda autoridade baseada no saber fica sujeita a questionamentos e dúvidas.