Inequivocamente, Jean-Paul Sartre foi um escritorpolivalente. Sua obra abarca desde tratados filosóficos,passando por textos teatrais, ficcionais, biografias, ensaios eaté mesmo textos para periódicos e jornais engajados. Nafilosofia, particularmente, O Ser e o Nada, um tratado deontologia fenomenológica, constitui a sua obra maior. Anteprodução tão diversificada, é comum que se espere umaênfase maior em alguma dessas áreas da produçãointelectual. Não obstante, não é o que ocorre com esse autormúltiplo, o qual logrou destaque em todos esses gêneros. Épossível constatar, contudo, que a maior parte dosinfindáveis comentadores inspirados por esse pensamentoatribuíram maior relevância aos trabalhos de caráterfilosófico, chegando inclusive a considerar sua obra ficcionalcomo uma “[…] expressão simplificadora da obra teórica”.122Eis uma afirmação que nos incita a interrogar o quecaracteriza a relação entre filosofia e literatura, na obra domestre francês. Aproximar filosofia e literatura não é algo novo. Nãoobstante, ainda são poucos aqueles autores que não semostram resistentes, quando tal aproximação é proposta.