No final do século XIX, Eduard Bernstein fez uma revisão das ideias de Karl Marx. Considerando que o mundo estava sofrendo grandes transformações, ele propôs que a teoria marxista precisava ser readequada à nova realidade. Para Bernstein, o marxismo não deveria ser abraçado por uma sectária profissão de fé. O culto ao marxismo estaria, a seu juízo, produzindo uma seita que impedia a percepção da realidade.Dentre outros pontos do marxismo, Bernstein rejeitou a dialética e a teoria materialista de história; questionou a possibilidade de uma crise iminente do capitalismo; discutiu a tática política que seria adequada ao movimento operário; fez comentários críticos sobre a forma de transição para o socialismo sugerida por Marx e Engels. Bernstein propôs a conquista do socialismo pela via pacífica. Ele defendeu a luta por reformas no parlamento, dentro dos marcos da democracia, como a tática adequada para a construção de uma nova sociedade.As propostas de Bernstein acabaram tendo uma ampla ressonância no movimento operário. Lutando por reformas no capitalismo, o partido da classe operária conquistou inúmeros benefícios para os trabalhadores. Desse modo, o proletariado passou a ter coisas a perder se aderisse a uma aventura revolucionária. A luta de classes tinha perdido a capacidade de transformar a sociedade da forma como havia sugerido Marx.Hoje, praticamente quase todos os partidos de esquerda do mundo seguem as ideias deixadas por Bernstein. As esquerdas abandonaram o ideal de conquista do Estado para estabelecer uma ditadura do proletariado. Abandonaram o marxismo ortodoxo e abraçaram as instituições democráticas considerando-as como o instrumento adequado para a construção de um novo mundo.O livro mostra a fissura que se abriu no movimento de luta pelo socialismo após as ideias lançadas por Bernstein. De um lado, os marxistas ortodoxos continuaram defendendo a revolução violenta como a única forma efetiva de conquista do socialismo. De outro, os seguidores de Bernstein passaram a lutar por reformas pela via pacífica para melhorar as condições de vida e trabalho das classes assalariadas. O livro não adota uma posição diante do debate reforma ou revolução. Mostra as congruências e incongruências de cada uma das posições e levanta algumas questões que merecem a reflexão de todos aqueles que se preocupam com a construção de um mundo melhor.