Num mundo ideal poderíamos recriar os seus hábitos do zero. Dessa forma, seria muito fácil alterar e acabar com determinados hábitos. Os seus hábitos atuais não constituiriam barreiras à criação de novos. Por exemplo, se tivesse um novo emprego que o obrigasse a acordar muito mais cedo do que o normal não teria qualquer dificuldade em mudar esse hábito. Seria bom, não seria? 🙂Bom, a realidade não é bem assim. Os hábitos são difíceis de mudar – uns mais que outros. Se fossem fáceis de mudar não seriam hábitos – seriam outra coisa qualquer. São as duas faces da mesma moeda pois se, por um lado, é bom quando os hábitos funcionam a nosso favor, por outro, é mau quando funcionam contra nós.A realidade é, por vezes, bastante complicada. Um hábito pode ser bom num sítio e/ou para determinadas pessoas. Noutros sítios e para outras pessoas poderá ser mau. Vou dar-lhe um exemplo simples. Estudei um ano em Bari, sul de Itália, onde é costume os homens cumprimentarem-se com dois beijos na cara, sem qualquer conotação sexual. Apesar disso, o costume incomodava-me. Dessa forma, procurei evitá-lo com apertos de mão à distância.Um hábito ainda é mais difícil de mudar se vivermos rodeados de pessoas com um hábito igual, por exemplo, atrasar-se para as reuniões. Quem procura mudar o hábito por si próprio é prejudicado porque tem que esperar por quem continua a chegar atrasado. Bom, a mudança de hábitos de grupos não é o assunto deste livro. Apenas a mudança de hábitos em indivíduos.Este livro propõe uma ideia para mudar de hábitos. Em termos simples, é fazer de propósito, ou seja, o mais conscientemente possível, o hábito com que pretendemos acabar. O objetivo é criar “espaço” para que o hábito desapareça mais facilmente. Ou seja, trazê-lo à “superfície”, onde será mais fácil tomar a decisão de não o repetir.Dito de outra forma, estou a sugerir que realize, de forma consciente, o que não deseja mais fazer. A intenção é de acabar com esse hábito ou, pelo menos, torná-lo mais fraco. Dessa forma, necessita de muito menos força de vontade para acabar com ele.Pela minha experiência, a ideia à volta do livro tende a resultar muito bem ou a não funcionar de todo. Ou seja, em relação a uns hábitos é quase “magia” enquanto para outros nada se altera. Varia não só de pessoa para pessoa como de hábito para hábito. De qualquer forma, se tiver consciência e cuidado com o que está a fazer, a ideia é pouco ou nada perigosa. Provavelmente, deverá julgá-la um pouco estranha…Caro leitor, deve estar um pouco confuso, mas ao longo do livro, a ideia irá sendo clarificada.O que pode esperar deste texto:* a apresentação da estratégia de mudança de hábitos e a lógica por detrás;* O uso e importância da consciência (Awareness) no seu uso;* Em que condições funciona melhor;* Recriar a experiência com cuidado.Boa jornada neste livro e na sua vida.