"Paloma e Maria Júlia tiveram a delicadeza de representar o universo feminino a partir de experiências narradas em primeira pessoa – ao invés de, colonialmente, apossarem-se delas. Enquanto produtoras de epistemologias que legitimam a construção da ciência e a sua implicação na compreensão/resolução de problemas do cotidiano, humildemente adotam as vivências de mulheres reais, concretas, que suportaram traumas ímpares e sofrimentos inigualáveis durante grande (senão, toda) sua trajetória para, a partir dessa afetação e tocadas por elas, questionarem a eficácia/eficiência dos atuais mecanismos dispostos à sua proteção. Regra geral, não apenas refletem se ‘can the subaltern speak’ (Spivak) como, na subida de mais um degrau, afirmam a necessidade de que essas vozes, por vezes sufocadas, encontrem espaço de fala e acolhimento, sendo priorizadas durante o processo de resolução de conflitos.Não sem razão, partem das angústias suportadas pelo feminino para apontar os limites da Ciência do DireitoPenal (aqui englobando a dogmática e o seu processo de aplicação, em especial, com o advento da Lei Maria daPenha – Lei n.º 11.340/2006) e, face aos desafios apresentados, estimulam a reflexão sobre a possibilidade de que a Justiça Restaurativa, enquanto (possível) resposta alternativa e legítima, seja ferramenta útil à resolução do conflito."— do prefácio deLeia mais