Pessoas como Luiz Felipe d’Ávila não se prestam a ser biografadas facilmente. Verdade seja dita, há facetas da vida dele que são de amplo conhecimento de um público iniciado, especialmente aquele ligado às artes, ao jornalismo e à política. Isso se deve em grande parte a ele ter sido um dos fundadores da Casa do Saber e publisher (quase heróico) das revistas República e Bravo, dois títulos que riscaram o firmamento editorial como cometas – unanimemente reconhecidos pelo bom gosto, originalidade e inventividade. Ademais dessas dimensões, o candidato à Presidência da República Luiz Felipe d’Ávila será apontado por nove entre dez pessoas simplesmente como “o genro de Abílio Diniz”, um tycoon do varejo cuja trajetória fascina de esportistas a empreendedores. Dentro da lógica simplista dos formadores de opinião quem casa com uma mulher rica – o que está longe de esgotar o pluralismo de Ana Maria Diniz -, também se torna rico. Mal sabem as pessoas que no jogo renhido e algo maçônico das altas finanças não há bônus sem o peso acachapante do ônus. Caso patente de Felipe que, tendo tido a mais esmerada das educações, e tendo vivido uma infância e adolescência coroadas por tudo o que o dinheiro podia comprar, deu muito duro para ser visto a essa altura como um genro – uma espécie de califato da mitologia dos aspiracionais.Nesse contexto, o paulistano d’Ávila, bisneto, por um lado, de uma dona de pensão das barrancas do São Francisco e, por outro, neto de uma aplicada leitora de Proust, vem de uma diversificada brasilidade. Ora, desse caldo de cultura deveria emergir uma grande biografia.Leia mais