Nessa obra, o historiador Victor Martins de Souza analisa os projetos cinematográficos e políticos de Glauber Rocha e Sembene Ousmane à luz do diálogo em imagens. Assim, centra seus esforços em dois filmes: Der Leone have sept cabeças (1969-70), de Glauber, e Ceddo (1976), de Sembene. À maneira dos historiadores, estes cineastas recorreram ao passado para problematizar o presente. Em Ceddo, Sembene reinventou tradições para questionar a história do seu tempo, mostrando aspectos mais sofisticados do colonialismo da África do Oeste. Em Der Leone have sept cabeças, há a convivência de tempos históricos distintos, nos quais o presente é posto em suspenso, portanto passível de questionamento. Neste processo, as tradições orais possuem papel preponderante, pois é a partir delas que é criticado o olhar enviesado do europeu em relação ao “Terceiro Mundo”. Assim, as afinidades aqui elencadas entre os cinemas de Glauber e Sembene permitem delinear novos olhares à filmografia de ambos, a partir de um diálogo diaspórico, tricontinental e político-cultural.Leia mais