A Capoeira, como é sabido, surgiu como um dos instrumentos de resistência à opressão da elite branca luso-brasileira contra o povo negro. Na sua origem esteve diretamente vinculada às práticas religiosas e culturais desse povo. Foi incorporada a todo o arcabouço cultural dos negros e se expandiu não só para os brasileiros de pele clara, mestiços ou não, como para outros povos no mundo inteiro. A presença de valores da cultura, costumes e crenças trazidos pelos africanos é algo que sobrevive aos séculos de existência da Capoeira. Qualquer tentativa de negar isso foge à verdadeira história da arte-luta. O sincretismo religioso, a fusão de elementos das religiões de matriz africana com o Cristianismo, incorporou-se também à Capoeira. Este livro discute sobre até onde os valores e preceitos religiosos continuam de fato presentes na capoeiragem. Veremos que há quem acredite que é possível se praticar Capoeira sem que as concepções religiosas do capoeirista interfiram na prática, que há aqueles que veem um vínculo relativamente fraco entre as duas práticas e que há os que acreditam existir um vínculo direto e forte entre Capoeira e religião, entre a prática da arte-luta e as crenças dos praticantes, especialmente daqueles que desenvolvem atividades voltadas para a formação de opinião.Leia mais