Estas crônicas de Odenildo Sena são palavras pintadas em cores vivas que a lembrança foi buscar nas mais profundas e finas camadas da memória. Uma escrita em fluxo, um jorrar de fatos, ideias e reflexões que se entrelaçam em uma bela dança textual conduzida pela criatividade do escritor, sob o olhar atento do linguista.A tentativa do autor de situar no livro o passar do tempo em ciclos é do cerne do linguista, do professor cuidadoso, porque o cronista, na sua arte de contar histórias, costura o tapete do tempo com os fios que lhes vêm à memória, entremeando-os. Assim, as lembranças do autor transbordam para as do leitor e ilidem as fragmentações, inclusive as do fator tempo, tornando-as desnecessárias diante das buscas incessantes e imemoriais do ser humano para compreender a si mesmo.O amor, a justiça, a bondade, a compaixão, a honradez, a tolerância, a paz e uma ética cósmica permeiam o trajeto do cronista, pontuado por caminhos pelos quais o leitor pode ir e vir sem medo de se perder, até porque perder-se nas vias da leitura é o mesmo que achar-se no mundo das possibilidades do entendimento prazeroso.(*) Wilson Nogueira, jornalista, professor e escritor.Leia mais