Qual o peso de um corpo solitário? Qual o sabor de um sexo triste? Qual a sensação de embriagar-se de lembranças exageradamente mortas? Em Elefantes não sabem voar, Neniu Grava responde estas perguntas e, provoca outras ainda mais íntimas, sobre vazio érotico, decepção, putas, melancolia, camas vazias, dúvidas e romances sem amor. Questões que conseguem coreografar uma dança sem som na narrativa hiperbólica de Grava, autor e personagem. Sem rosto. Sem imagem. Mas, repleto de repertório romântico, erudito, doloroso e ontológico. Que, na cirurgia de sua narrativa de estreia, costura uma ferida aberta de sentimentalismos e morbidez. Consegue narrar, com sobriedade, memórias íntimas de relacionamentos e percepções sobre o tempo e as coisas e, sobretudo, sobre um corpo invisível, ficcional, devorado e lambido diversas vezes por uma língua poética áspera, perversa e inteligente.