O presente estudo tem como objetivo examinar como a política eugenista amplamente difundida nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras décadas do século XX por cientistas conservadores e utilizada pelo Estado Brasileiro estava implicitamente ligada à criação dos campos de concentração das secas no Nordeste brasileiro e a sua consequente positivação na Constituição de 1934. Demonstrando o tratamento dispensado pelo Estado brasileiro e pela sociedade, aos milhares de cidadãos pretos e pardos aprisionados nos campos de concentração, a partir do conceito de biopolítica e biopoder de Michel Foucault e Giorgio Agamben.Busca-se identificar as razões que levaram a criação dos campos de concentração das secas pelo governo federal, explicitando as violações aos direitos dos “flagelados”, a vigilância, o controle, o cenário sub-humano em instalações precárias, as péssimas condições de higiene, as epidemias e mortes por doenças e subnutrição, bem como a utilização da mão de obra abundante dos concentrados em obras públicas e privadas.Terminando por refletir sobre a ideologia da eugenia e a sua contribuição no aprofundamento da exclusão social e do racismo estrutural, assim como as consequências e reflexos na sociedade até os dias atuais.
Palavras-chave: Campos de Concentração. Eugenia. Biopoder. Biopolítica. Racismo.