A fila seguia a sua frente pelo chão de asfalto trincado. O sol assistia ainda no horizonte como se espiasse aquela cena. De repente o preso à sua frente cambaleou, quase um tropeço. – Cuidado – Rubens chamou a atenção do amigo que não se virou para trás para agradecer. O homem a sua frente se equilibrou novamente e seguiu de cabeça baixa perdendo aos poucos o ritmo da fila. Rubens tombou a cabeça ao lado e percebeu que ainda estavam longe do ônibus e não havia mais ninguém a frente deles. – Está tudo bem? – colocou a mão no ombro do homem a sua frente, mas ele não respondeu. Sem insistir mais, desviou o olhar para o chão e percebeu algo brilhando, um líquido grosso e vermelho que acompanhava os passos do homem a frente. Percebeu que era algo a mais e que mantinha o fluxo nas pegadas. Olhou para a nuca do preso e ia arriscar outra frase, mas não deu tempo. Dessa vez o homem caiu de joelhos a sua frente e tombou de lado, tremendo. Os pulsos dele sangravam e as mãos estavam encharcadas.