Convivi com o Sr. Frederico Loepert muito menos tempo do que gostaria. Tinha um xadrez equilibrado entre a estratégia e a tática. A impressão que dava é que suas partidas, ganhasse ou perdesse, eram uma sequência de lances harmoniosos, como se a estética fosse o seu guia principal no desenrolar de uma partida.Gentil e educado, ele se impunha naturalmente por onde passasse. Eu, que sempre fui um pouco arreliento, me comportava bonitinho na frente daquele alemão refinado. Jogador muito forte no nível amador, dava mais valor à elegância do jogo do que ao resultado da partida. Lembro que certa vez fiz um sacrifício retumbante contra ele. O sacrifício era retumbante, mas incorreto e perdi a partida. Ainda hoje me lembro do seu conselho: “Antes de sacrificar as próprias peças, a gente precisa aprender a sacrificar as peças do adversário”.Sem dúvida, seu lado artístico e sua paixão por achar a “verdade da posição” foram os elementos que o levaram para o terreno da composição de problemas. Não sei se gostava mais de jogar, ou de compor problemas de xadrez. Também me lembro dos sábados à tarde, no Clube de Xadrez Borba Gato, em que ele ficava me mostrando suas composições e ficávamos toda a tarde sem jogar uma única partida!Leia mais