A teia urdida neste emaranhado de quezílias repercute-se no presente fornecendo elementos que ajudam a perceber o imbróglio dos novos ciclos de pólvora que continuam a sacudir a Guiné-Bissau. Com “Reflexos da Carta Secreta – O caso 12 de Abril”, Samba Bari, entra mais uma vez nos meandros do(s) poder(es), ausculta, entrevista, pesquisa e fazendo fé nas suas fontes, chega ao ineditismo de reproduzir diálogos que teriam ocorrido em gabinetes e espaços de difícil acesso. Falando da sua terra que tanto o encanta, como desespera, o autor que se confessa defraudado, por um processo pernicioso, faz parte de uma geração de guineenses nascida em vésperas da proclamação da república, com vagas memorias do período colonial, e permeada pelos hinos e slogans rimados em promessas, numa continua construção de narrativas transbordando otimismo e metas nobres que estariam logo ali, à mão de semear. Porém, na hora do labor as mãos construtoras e as capacidades criativas encolheram, mutando-se em punhos cerrados e agressivos. Excerto do Prefácio de Tony Tcheka.