Esta obra procurou investigar a dinâmica política e organização interna do PAIGC durante o período de regime militar na Guiné-Bissau de 1974 a 1990. Observou-se como e, em que contexto, o partido surgiu, como conseguiu conquistar o poder e as contradições que resultaram em violenta luta pelo poder, contribuindo para as dificuldades que serviram de empecilhos à realização dos projetos de desenvolvimento.
O período em que o PAIGC teve de organizar uma Administração Pública e órgãos de exercício do poder político originou um conjunto de contradições; primeiro entre guineenses e cabo-verdianos e, depois de 1980, entre os próprios guineenses. Os anos de 1973 e de 1974 foram ricos em acontecimentos determinantes para a configuração da Guiné-Bissau como Nação com um Estado e uma administração pública.
As guerras e os períodos revolucionários raramente são vistas do mesmo modo por todos os intervenientes, prevalecendo em geral a versão dos vencedores. No caso da guerra colonial, de libertação, do ultramar ou da independência, temos a versão dada pelos documentos oficiais do regime colonial da União Nacional, a versão dos movimentos de libertação (sobretudo MPLA, FRELIMO e PAIGC), os livros de alguns militares portugueses que, ao mudarem a sua condição de “braço armado do regime” para “aqueles que tinham acabado com o regime” em 25 de abril de 1974, quiseram deixar a sua versão do conflito, e de alguns investigadores portugueses, franceses, ingleses e americanos além de teses de doutoramento de autores doutras nacionalidades que se debruçaram sobre o fim do império português.