Laura, a mulher que conhecera ainda adolescente e a quem dedicara seu amor por toda a vida, continuava sendo um mistério.Nunca pedira proteção para conquistar Laura, nunca rezara para que ela fosse fiel a ele nem que retribuísse seu amor. Um amontoado de erros, tropeços, desilusões, mas, mais do que isso, de aprendizado. Será que acreditava, no fundo d’alma, que aprendera o suficiente? Essa pergunta o incomodava. Conseguiria mentir para quem lhe perguntasse se era feliz. Diria que era muito feliz, que nada faltava em sua vida, que tinha tudo o que um homem pode desejar, desde trabalho até amor, mas, mentir para ele, não, isso nunca. Engraçado, não aquele engraçado que faz rir, mas o engraçado que faz o homem rir dele mesmo. Quem nunca riu de si mesmo? Valentim estava convencido de que não era o único que conseguira rir dele mesmo. Não o riso que o outro podia perceber, mas o riso que se escondia lá dentro, cutucando sua consciência: ─ Você foi palhaço de você mesmo.