“A partir de um desabafo ininterrupto, nosso personagem, um sujeito tão metódico quanto refém de sua rotina, envolve-nos numa história aparentemente sem pé nem cabeça, sobre um suspeito segredo que seu pai teria guardado por toda a vida.
Obstinado e homem de muitas palavras, este narrador esmiúça intensamente fatos e impressões a ponto de confundir seus sentimentos, entrecruzando um duelo entre as duas pulsões básicas: a de satisfazer o eu e a de satisfazer os outros. É um duelo entre as forças do inconsciente e os imperativos da vida prática, que, somados, tornam-se tormentos que conferem a seu caráter o peso da tragédia – trata-se do velho dueto entre o ‘princípio do prazer’ e o ‘principio de realidade’ que sempre determinou os dramas que se desenvolvem ao logo da vida (familiar) – um tipo de Paraíso perdido, que faria John Milton arrepiar.” Lino Marfioli (crítico literário)