Henry Walter Bates foi um biólogo britânico que viveu na Amazônia de 1848 a 1859. Nestes onze anos vivendo pelas margens do rio Amazonas, Bates fez anotações precisas não só sobre a natureza da região, mas também sobre os índios, os negros e os brancos. O relato resultante desta experiência foi publicado em 1864 e foi um sucesso imediato na Inglaterra, conquistando depois o mundo.
Para nós brasileiros, porém, a obra nos permite mergulhar em nosso próprio passado, além de recuperar outros passados, como o indígena. Pela obra, podemos saber como os índios constroem canoas, produzem farinha e fabricam suas temidas zarabatanas. Ele também dedica inúmeras páginas para descrever a organização social das diversas tribos que encontra em suas explorações. Bates explica as técnicas de navegação indígena, que fizeram dos índios os principais pilotos dos barcos pelo Amazonas.
Com a mesma riqueza de detalhes, Bates também nos conta como eram as cidades da Amazônia em meados do século 19. Talvez não haja na historiografia brasileira melhor descrição sobre as consequências da revolta da Cabanagem sobre Belém; a cidade ainda se recuperava dos conflitos quando Bates chegou. Ao fim de sua estadia no Brasil, Bates retorna à capital paraense, agora transformada em uma cidade vibrante.
“O Naturalista no Rio Amazonas” nos abre uma janela direta para o passado da Amazônia, permitindo observar costumes e práticas sociais que desapareceram ou estão em vias de desaparecer pela civilização. Por isso, este livro é um clássico, ao nos permitir diversas leituras ao longo do tempo.