A proposta da obra é dar continuidade ao primeiro volume, oferecendo referências não só válidas, mas também reflexivas a respeito do papel das três religiões monoteístas que reúnem um grande número de fiéis: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. Como cada uma delas defende que apenas seu Deus é único e que apenas ele é a fonte de toda a verdade, sempre houve conflito com aqueles que sustentam uma visão contrária.
Desde os primórdios das suas respectivas religiões, judeus, cristãos e muçulmanos mantiveram uma relação de forte exclusividade com uma mesma divindade, o Deus abraâmico. Entretanto, o que levou à instauração dos três monoteísmos a seu próprio tempo, foi a afirmação proferida pelo seu respectivo fundador, de que havia feito contato com a única e verdadeira inteligência criadora do universo, que passou a ser chamado respectivamente de Deus ou Deus-Pai, Javé ou Jeová, Alá, então concebido como onipotente, onipresente e onisciente. Abraão, Jesus e Maomé afirmavam ter recebido instruções desse ser divino que além de indicarem o comportamento moral da humanidade, também ajudaram a elaborar os dogmas dessas tradições religiosas.
Através de frases curtas, citações e perguntas que promovem a reflexão, o leitor é levado a ponderar sobre o que é bom para todos, empregando aquilo que lhe é inerente: a razão. Em várias páginas podem ser encontrados três símbolos de interrogação (???), indicando que se está diante de um questionamento apesar de ser uma afirmação, pois o que se quer é a ponderação.
O livro adota um enfoque cético mas que é racional e positivo, que além de procurar manter a mente aberta, parte da premissa de que fazer o bem aos seres vivos, não lhes fazer o mal e não lhes prejudicar, depende também de não promovermos a dúvida e a incredulidade irracionais com propósitos gananciosos. Afinal, respeitar a dignidade do outro também é prezar a sua inteligência.
São propostas inúmeras questões, por exemplo:
– As religiões abraâmicas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo) são exemplos de monoteísmos exclusivos, pois adotam a crença de que existe apenas uma divindade e que todas as outras divindades são distintas dela e falsas. Para os cristãos, Abraão simboliza obediência a Deus e prenuncia o destino de Jesus. Os muçulmanos se referem a ele como Ibrahim e o consideram um profeta importante. O festival muçulmano de Eid Al Adha – quando os animais são sacrificados – lembra a obediência de Abraão a Deus. Os judeus acreditam que ele é o homem a quem Deus falou sobre a terra prometida. Abraão também é considerado o pai dos árabes e do povo judeu por meio de seus dois filhos, Isaac e Ismael.
– As religiões monoteístas instigam a violência porque a perpetração dessa violência é uma consequência lógica da crença num ser não verificável, que não passa de uma ficção. Na verdade, quem mata é Deus. Deus mata tudo o que lhe resiste. Tais religiões são perigosas, pois retiram a responsabilidade dos humanos sobre suas escolhas e projetos, colocando-a numa alucinação coletiva chamada Deus. Nesse caso, a regra é: “uma vida por outra vida, olho por olho”. Há uma tendência de minimizar, ou mesmo ignorar deliberadamente, algumas das linguagens mais gritantes e bárbaras que estão escondidas nos livros sagrados de cristãos, muçulmanos e judeus. Nesses textos, massacres, extermínios, mutilações, saques e estupros são praticados em obediência à vontade de Deus.
São reflexões como essas que vamos encontrar a cada página, que pretendem questionar as nossas convicções. O que se quer, é que pensemos por nós mesmos e não como o autor pensa. Trata-se de uma excelente oportunidade para exercitarmos a dúvida saudável, que leva ao esclarecimento daquilo que é potencial ou inegavelmente nocivo.