A magia não se desenvolve de forma isolada do mundo à sua volta. Aspectos sociais direcionam as vertentes que irão florescer em plena vista ou ter que se ocultar; aspectos políticos fazem com que algumas delas sejam perseguidas e outras tenham que se aliar ao poder para sobreviver; aspectos científicos retroalimentam a magia, e a magia provê ideias de investigação para a ciência. De fato, não existia uma separação firme entre magia e ciência até meados do Século XVIII, e antes disso o corpo de saberes mais geral incluía as ciências ocultas, as ciências liberais (trivium e quadrivium) e as ciências mecânicas.
A alquimia aos poucos se “separou” da química, a astrologia da astronomia, a flogística da termodinâmica, em uma lógica de solve alquímico, e cada campo de estudos seguiu seu próprio caminho, se desdobrando em disciplinas para poder detalhar melhor os temas estudados. Porém, nunca deixou-se de haver conexões entre os campos, e 200 anos depois temos buscado uma lógica de coagula alquímico sob os nomes de interdisciplinariedade e transdisciplinariedade. As etnociências dão importância aos saberes tradicionais anteriormente descartados, iniciativas decoloniais buscam entender e desconstruir a “homogeneização” ocidental que ocorre desde as invasões colonialistas.
A magia tem aproveitado conceitos de física quântica e da psicologia e psicanálise, assim como a ciência tem buscado estudar o que as vertentes mágicas dizem há milênios. Este livro tem como objetivo resumir os conceitos científicos usados pela magia, apresentar interpretações metafísicas, descrever desenvolvimentos recentes e compilar os principais aspectos da Tecnomagia: a Magia lado-a-lado com a Tecnologia.