A discussão do neoliberalismo enquanto doutrina político-econômica, e suas influências no compasso cotidiano do sistema jurídico-penal, possuem contornos bem conhecidos. Um campo totalmente diverso se abre quando estudada, no mesmo contexto, a irradiação do neoliberalismo enquanto racionalidade: se impõe a consideração de uma outra dimensão de poder que opera nos recônditos das novas configurações do capital, do trabalho, do Estado, do desvio normativo, da subjetividade e da própria normalidade. Imprescindível uma mirada desde as possibilidades de resistência biopolítica, que lida com uma versão do poder punitivo que se exibe e oferece desde múltiplas direções e que captura discursos críticos com rapidez tão impressionante quanto a própria neutralização do real potencial de enfrentamento da qual eles, por inércia, são vítimas. Não há a opção de não se movimentar.