São Genésio é o local mais isolado da imensa São Paulo. Uma ilha por todos os lados cercada de esgoto a céu aberto, onde não aportam livros, cinemas, teatros, oportunidades ou esperanças. Os únicos produtos que navegam da metrópole cosmopolita para a favela são santinhos eleitorais e armas. Uma delas, um .38 enferrujado, cai na mão de Osmar, pai de família faminta, desiludido por entrevistas de emprego que lhe pedem aquilo que nunca chegou ao seu alcance. Decidido a roubar em nome de Brena e seus três filhos, fracassa ao disparar acidentalmente antes mesmo de anunciar o assalto. O remorso paralisante só é encerrado quando a notícia do assassinato ganha as manchetes e ele descobre que matou um vereador interiorano acusado de corrupção. As duas únicas abundâncias de São Genésio se unem para formar sua nova missão: caçar, com um velho revólver e cinco balas, os modelos sorridentes dos santinhos que inundam os barracos a cada dois anos.
Um romance que traz diversos perfis da exótica fauna política brasileira, suas trajetórias de pequenos e grandes golpes para sobreviver na corrida pelo poder, o papel do povo que se vangloria de odiar qualquer político, mas não resiste a uma promessa vazia e genérica em uma tarde de outubro. E uma disputa ferrenha entre dois rivais para decidir os rumos da eleição para Governador de São Paulo. Spoiler: nenhum deles vai decidir. Será um misterioso cavaleiro que vem de São Genésio montado em seu corcel (82′, duas portas, o motor tá fazendo um barulho estranho, mas funciona que é uma beleza).