Em Bahia de todos os negros, Fernando Granato correlaciona a preservação da ancestralidade africana na Bahia à altivez conquistada à força pelo povo negro. Salta aos olhos a grande quantidade de revoltas e rebeliões da população escravizada e dos afrodescendentes livres que marcou a história do estado — em comparação com outros territórios onde a população cativa também era numerosa, os registros baianos são surpreendentemente maiores.
Tomando como fio condutor dois personagens cuja história de vida se entrelaça à dos levantes — o notório abolicionista Luiz Gama e sua mãe, Luíza Mahin, pouquíssimo estudada devido à falta de documentos que atestem sua trajetória —, o autor monta uma narrativa cronológica que não se atém apenas aos fatos, mas também explora seus contextos, cenários e personagens, a fim de aproximar ao máximo o dado histórico da vivência real.
Fiel à historiografia oficial, acrescido de elementos de reportagem e calcado em atores cruciais para a construção social do país, Bahia de todos os negros joga luz sobre um passado indispensável à compreensão do presente — histórias reais que ajudam a pensar os dilemas de um Brasil que ainda precisa se conhecer.