A poesia que Santiago Fontoura traceja nesta “Antipática lira” não é nova. E é evidente seu esforço para que ela não tenha sequer sombra de algo que nos remeta a novos ares. O poeta bem sabe que tudo aquilo é novo, um dia, envelhece. O suor derramado para compor os poemas deste livro alcançou o resultado almejado: a poesia de Santiago Fontoura é eterna. Atemporal. Diz mais de nós mesmos do que de si. Seu mérito está no fato de acionar angústias (muitas vezes, adormecidas) e desprezar, com escancarado asco, respostas prontas (naturalmente falíveis) ou insights que, no máximo, nos preenchem o semblante com um ligeiro sorriso. Os poemas de “Antipática lira” não podem ser lidos sob o ataque da típica correria do dia a dia. A atenta leitura desta obra fará (como tem feito a mim) você, leitor ou leitora, paralisar. Estagnar pensando a respeito do que leu. Voltar ao livro depois de alguns dias.