“Na amargura da falta d’agua, alguém se lembrou dela (nascente sobre o morro do Bom Retiro). Uma calha de bambu fora providenciada, enterrada no barranco, e a água obtida escorria pela calha e despencava sobre os paralelepípedos da rua. Não era muita água, pouco mais que um fio, mas como era preciosa! Uma imensa fila formara-se para apanhá-la, uma fila de gente que vinha de longe, em carros luxuosos, em carros importados, trazendo baldes, panelas, qualquer tipo de vasilha onde pudesse ser guardada aquela água maravilhosa.Lembro de mulheres com as mãos cheias de anéis, de prósperos e rubicundos profissionais liberais, que, com panelas nas mãos, esperavam a sua vez de obter água, na mesma fila onde estavam os operários, as pessoas humildes, a gente pobre. Acho que jamais poderei esquecer essa imagem. Estávamos numa situação na qual nenhum dinheiro do mundo poderia comprar aquela água que a natureza dava gratuitamente (…).”