“Bem que eu a via aos pulos e corcoveios, durante os dias, naquele canto do quarto, brincando com aquele fio elétrico, talvez a coisa que mais a encantasse dentro de casa – mas sempre tinha a esperança de que ela desistisse de desligar aquela tomada, mas era uma esperança vã – em algum momento do dia ela enfiava lá as unhazinhas e puxava a tomada para fora. Digamos que ela fez tal coisa durante uns 500 dias – atualmente não faz mais – e eu queria entender que milagre a salvou de ser eletrocutada as quinhentas vezes, tendo em vista que gatos só têm sete vidas, conforme dizem, e não havia vida que chegasse para tanto risco de choque. Vamos partir do princípio, portanto, que a vida de Manuelita Saens é uma coisa milagrosa.”