Se você soubesse que não veria seus filhos crescerem, o que gostaria que eles soubessem de você e por você, ao logo da vida deles? Foi esse o pensamento que me deixou embargada ao ler o livro da Raianne, Filha. O primeiro de uma trilogia, onde ela coloca-se como uma mãe carinhosa ao falar para filhos que por ventura não tenham seus pais ao lado, mas também aos que têm e precisam reforçar conceitos que às vezes se perdem na loucura do nosso cotidiano. As cartas finais são uma espécie de saudade antecipada, nas quais a criança vai se apoiar para momentos especiais que podem desencadear dores. É infantil, mas não infantilizado, é emocionante sem ser nada triste, tem sorriso solto, mas muita informação fundamental. É o livro que eu queria ter escrito para meus filhos e ainda bem que a Raianne o fez, pois é daqueles que vou querer ler para as crianças todos os dias. Mas se eu fosse filha, também iria querer um registro assim pra mim. Algo pra aquecer o coração em dias difíceis, ensinamentos para me ensinar caso ninguém mais no mundo lembrasse de mim e histórias felizes para me consolar, quando eu achasse que o mundo era ruim. Então, é um livro de mãe pra filha, de filha com mãe, de filhos sem mãe, de todos os que, de alguma forma, precisam de um abraço antes de dormir.
Fabiana BertottiEscritora, jornalista e mãe de três.