Tom Vital é uma vítima do verso. Não importa o que esteja fazendo, seja mexer angu ou contemplar as estrelas, a poesia o assalta e exige ser dada à luz em versos. O poeta não tem como fugir dela; e ela, assertiva, dominadora e pontual, não renuncia a ele. Tom Vital escreve ao estilo do lobo solitário: o instante vale pela vida. Não vamos encontrar esse poeta e sua obra nos livros didáticos, pois é uma poesia marginal e, como tal, preparada para lutar. Para ser assertiva, dominadora e pontual. Disposta a cravar as garras no seu poeta e deixá-lo apenas quando o último verso tiver sido escrito. O amor e a morte, os dois grandes temas da poesia, também são marginais e assertivos. O grande deus Pã tomou o lugar do Eu Lírico. Estão sempre aí, dizendo que somos feitos também pelos versos que escrevemos e não escrevemos. Na vida de cada um essas forças lutam, na poesia de Tom Vital elas dialogam. São os fortes educando os fortes. O poeta não morre de amores, ele sobrevive de amores. Se você não suporta altos graus de intensidade, não leia este livro.