Caio Antonelli não conseguiu definir o que mexeu mais com ele, se era seu aroma feminino, a força daquele olhar, ou a inocência projetada por sua aura, pois em torno de cada pessoa existe seu campo de energia, que só visível a nível inconsciente. Onde está a pureza do ser? Caio Antonelli sabe que há virgens mais impuras que algumas prostitutas, pois a pureza não está apenas no corpo. Deus não escolheu virgem qualquer, escolheu uma pura de espírito para ser a mãe do seu Filho. A religião de Caio lhe ensinou que são os puros de espírito que interessam a Deus. O corpo até a terra vai literalmente comer, mesmo se ninguém teve o prazer de fazê-lo. Deus não quer saber a qual religião você pertence, quer saber se o seu espírito está contaminado pelo mal. Até seus anjos quando foram contaminados pelos mal, não poupou, os lançou no inferno. Caio Antonelli queria descobrir o quê, assim sem mais nem menos, despertou nele um desejo tão intenso por ela. E apesar de se considerar a personificação do autocontrole, sentia seu interior agitado na presença dela. Ela parecia estar com medo dele, mas por que não estaria? Ele era um homem grande e estranho, e estavam sozinhos, não havia mais ninguém, além deles, no salão. Ali estava ela, sozinha, encarando-o com aquele inquietante olhar…
– Terá que remarcar sua massagem, senhor Antonelli – Isadora falou, queria que ele partisse logo.– Posso pagar mais para ter a massagem agora – ele falou, não queria partir.– Não se trata do dinheiro…– Todo mundo tem um preço, Isadora.– Eu não – falou com certo orgulho, de cabeça erguida.– Estou mesmo necessitando aliviar os ombros tensos – Caio Antonelli insistiu.– Não faço hora extra. – Isadora tinha urgência em se livrar dele.– Apenas trinta minutos, por favor. – Queria passar mais um tempo com ela.– Está perdendo seu tempo…– Poderia abrir uma exceção – ele sugeriu, não queria ir.– Tem outros massagistas na cidade. – Ela queria que ele fosse.– Quero você. – Olhava intensamente para ela.– Por que eu? – Isadora fingiu não perceber o duplo sentido em suas palavras.– Foi muito bem recomendada por um hóspede – ele contou.– Infelizmente, terá que remarcar…– É sempre tão inflexível?– Só quando uma pessoa não aceita minha recusa.– Então, não fará a massagem?– Estou todo esse tempo dizendo que não.– Tem medo de ficar só com um estranho?– Não é um estranho! – ela confessou.– Não fui apresentado a você antes, então…– Eu sei muito bem quem é você.– Que sabe a meu respeito?– Ouvi muita coisa sobre você!– Então, ouviu histórias sobre mim? – Caio Antonelli perguntou, sorria.– Sim!– Talvez você devesse ouvir o meu lado da história.– Acha que mentiram?– Um pouco… Acredita em tudo que ouve?– Sou a filha de Camila Castro… Lembra dela?– Deus Santo, é a pequena Isa? – perguntou sem acreditar.– Não tão pequena agora, mas sim, eu sou.– Não consegui te reconhecer.– Eu era muito nova para ser notada por um Don Juan – Ela disse um pouco irônica.– Don Juan? – Ele riu, tinha o olhar cravado em sua boca.– Sim, e crianças são invisíveis para sua espécie.– Minha espécie…?! Está muito enganada… Era uma criança que chamava a atenção…– É mesmo?– Sim… Era diferente, a garota da areia… Era assim que a chamavam…– Sim, de acordo, eu fazia castelos na areia – confidenciou, meio que se justificando.– E assistia as ondas destruí-los.– Como sabe isso…?– Observei você de longe algumas vezes – ele confidenciou.– Nunca notei. – Estava sempre tão concentrada no que fazia.– No mundo da lua, é o que quer dizer…