“Menino do Sertão” é um romance de memória, semificcional, no qual o personagem principal, Jones (nome fictício), tem suas memórias resgatadas desde a infância, vivida numa pequena cidade do interior do Estado do Ceará, por um narrador onisciente. Para conferir uma maior liberdade à narrativa de fatos e permitir a preservação da identidade de algumas pessoas, alguns nomes figuram no livro de forma fictícia.
A obra retoma a temática regional de forma singular – o sertão, o Nordeste, a vida dura, as questões sociais adversas, o processo migratório, as questões políticas históricas do Brasil. Ademais, relata a trajetória de Jones por outras regiões do País – Centro Oeste, Sul e Norte -, com base na vivência desse personagem e, nesse aspecto, serve de exemplo às novas gerações.
“Menino do Sertão” reporta-se a fatos e acontecimentos extremamente ricos ocorridos em variadas regiões do país, graças à experiência pessoal de Jones. Os episódios que ocorrem no Ceará, Brasília, Goiás, Amazônia e no Paraná despertam a curiosidade, por serem muito relevantes e narrados de forma leve, por vezes até divertida.
Os dados históricos são de particular relevância, pois o autor optou por dar riqueza de detalhes, sem ser enfadonho. E quando parece que uma digressão é exagerada e dispersa-se da linha central do enredo, retorna ele a tempo de reinserir Jones dentro do contexto. É o caso das reflexões sobre Canudos, da análise dos governos militares e do pensamento do autor sobre o suposto preconceito sulista contra nordestinos.