A balada da Gota d’água
Era uma gota, mas não de chuvaEra água, mas não era rioEra Orvalho em um cacho de uvasEra gota, sim, com muito brioEra como o veludo das luvasEra como lareira em dia frio!Era um cristal, em dia de viúva!Era delicada, cheia de brilho!Naquele dia fazia chuva sim,Naquele dia tinha sol também,Naquele instante a gota caiu, fim!Naquele mesmo chão, não foi além,Daquele cacho estava livre, enfim,Daquela singularidade também,Daquela pureza, livrou-se assimDaquele Orvalho despencou: “plim”.Era uma simples gota, somente,Era uma gota só, que assim caiu,Era a esperança da vida da gente,Era um espelho que se partiu,Era imagem de gente impotente,Foi profunda a lágrima que caiu!Era como um olhar, triste, e contenteFoi bem-aventurado quem a viu!Lágrimas de chuva simples e ternasSorrisos tristes, tristezas felizesgotas despencadas serão eternas,íris, imperatriz das imperatrizes.