Diante das inquietações trazidas à tona ao campo da comunicação e do jornalismo durante a pandemia de Covid-19, enfrentada pelo Brasil e pelo mundo desde o final de 2019, nós, pesquisadoras da área, entendemos a necessidade de se produzir conhecimento paracompreender esse momento. As pandemias anteriores à imprensa moderna, como a peste bubônica, foram combatidas em um cenário de isolamento informacional. Em 2020, vivemos uma era de horizontalidade nas relações comunicacionais, o que torna a comunicação central na tomada de decisões tanto de governos, quanto da própria população. Na atual crise de saúde pública mundial, a comunicação é agente transformador: ela informa, fiscaliza, se posiciona e divulga soluções. Se, por um lado, ter essa comunicação tão presente ajuda a diminuir os impactos da pandemia, por outro, percebeu-se uma maior circulação de notícias falsas e desinformação, o que dificulta o controle informacional e coloca em xeque noções de verdade. Compreender a atual crise é olhar, também, pelo percurso que nos traz até aqui, desde as eleições de 2018. Isso porque, no Brasil, o presidente corrobora com um discurso anticiência que traz consciências graves à população. Como figura central do país, Jair Bolsonaro ocupa um espaço de evidência e, a partir de seu discurso e de suas atitudes tanto públicas, quanto pessoais, reforça determinados comportamentos sociais que vão em direção oposta a questões de saúde pública mais incisivas no que diz respeito ao enfrentamento à crise de saúde pública. Nas redes, circulam, com propósitos políticos e ideológicos, narrativas que prejudicam o combate à pandemia do novo coronavírus. Ao contrário do que se esperaria, a população tem se voltado para a mídia tradicional em busca de credibilidade. Nesse contexto histórico e extraordinário, é de extrema importância olhar e refletir o campo da comunicação, da imprensa e do jornalismo, sejam eles fenômenos online ou offline.