A tempestade devastadora que atingiu a serra fluminense em 2011 ficou conhecida como a maior tragédia climática da história do país. O número oficial de vítimas foi estabelecido em torno de 900. No entanto, estima-se que, dada a proporção da catástrofe, mais de 10 mil pessoas tenham morrido em toda a região.Essa estimativa não se justifica apenas pela visível destruição das cidades atingidas, mas também pelos rela- tos extraoficiais de recolhimento de corpos, e por outros dados, tais como a baixa de mais de 8 mil consumidores de serviços privados ― a energia elétrica, por exemplo ―, que desapareceram na madrugada do dia 12 de janeiro de 2011.A despeito dos medidores de energia e das estatísticas muito divergirem quanto ao número computado de vítimas, as perdas sofridas na região são inquestionáveis. Pessoas, famílias, casas, prédios, bairros inteiros sumiram de um dia para o outro, deixando, em forma de trauma, marcas perenes naqueles que sobreviveram e que até hoje tentam se recuperar, por meio das histórias que contam.A história de Brisa, fictícia, porém não fantasiosa, pre- tende fazer com que você saiba como essas tragédias são comuns e recorrentes em todo o país —, se emocione e se solidarize com elas. Somente sabendo como e por que coisas assim acontecem, se compadecendo das vítimas e se revoltando contra as autoridades, que pouco caso fazem do antes, do durante e do depois, é que noites escuras e amanheceres tempestuosos como os narrados aqui não mais passarão em branco pelos seus olhos.