Uma leitora de Machado de Assis compra uma misteriosa caixa de madeira em um Brechó na Rua da Gloria, no Rio. Na caixa, dentre outros objetos, está um maço de cartas escritas entre 1874 e 1892 por uma mulher chamada Capitolina Pádua, residente na Suíça, a um homem chamado Bento Albuquerque Santiago, residente no Engenho Novo.
A leitora dá início, então, a uma jornada de buscas e reflexões sobre a recepção da vida e da realidade das mulheres no texto machadiano, colocando-se em cena por intermédio de uma longa conversa com o escritor. É ela a leitora que se arrumava para tomar água benta no Outeiro da Gloria, referida na narrativa machadiana, mas também é a outra, a que se arrumava para ir ao Baile dos Estrangeiros.
Leitora dos sonhos e dos pesadelos do escritor, depois de submeter o material da caixa à análise técnica, vai à Suíça a fim de se certificar da veracidade do endereço da remetente e acaba por caminhar entre as lacunas do texto e as lacunas da sua própria história. Narra, então, o exílio de Capitu, desterrada aos 31 anos, por conta de uma suspeita de traição, sem direito a defesa, ao mesmo tempo em que conta a sua própria história de exílio.
Do Rio de Nísia Teixeira, Chiquinha Gonzaga e Capitu caminhamos ao Rio das tensões e lutas de Marielle, da leitora e de todas que combatem a desigualdade social, o feminicídio, o estupro, a misoginia e o machismo estrutural da sociedade brasileira.