Os homens e mulheres do blues são contadores de histórias. São porta-vozes de narrativas da sua própria condição humana. Histórias ordinárias do quotidiano de quem luta com dignidade pelo seu espaço, que lamenta as suas mazelas, revela seus arrependimentos e pede perdão, mas também narra histórias fantásticas, com componentes heroicos ou sobrenaturais. O cancioneiro blueseiro é composto por lendas, ficção ou episódios reais, nem sempre verossímeis. Todas essas histórias constituem-se em mote para uma nova canção.
As canções de blues, por sua vez, são o melhor registro histórico, cultural e social do povo americano da primeira metade do século passado. Porém, o estilo abriga até hoje — e será assim pra sempre — a voz dos excluídos, dos que sofrem e que, por fim, encontram neste espaço temporal de 12 compassos um lugar de expressão.
De onde vêm os blues? É um pouco deste insondável mistério que este volume vem jogar um pequeno faixo de luz, tal como um spot a iluminar um palco modesto onde homens e mulheres do blues se dão a conhecer.