Este volume de décimo aniversário, pois, nos causa satisfação especial e o oferecemos aos estudiosos com um tema de grande interesse: o léxico na língua oral e na escrita. A obra se abre com o texto de Marli Quadros Leite, que mostra como os falantes deixam marcados, quando interagem, aspectos da sociedade em que vivem. No texto seguinte, Dino Preti discute o problema do prestígio social das palavras, procurando demonstrar que, ao contrário do que se pensa, nem sempre o vocábulo culto, considerados a situação de interação ou o falante que o emprega, é o mais prestigiado. O terceiro artigo, de José Gaston Hilgert, “Seleção lexical na construção do texto falado”, tem, segundo o autor, os seguintes objetivos: “identificar e analisar procedimentos dos interlocutores no trabalho de seleção lexical; apontar para eventuais regularidades linguístico-discursivas na realização desse trabalho; e dar evidência à ‘aproximação lexical’ como um traço marcante na construção de sentidos, em textos produzidos em situação face a face”. Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade afirma que seu objetivo é estudar o comportamento linguístico que se manifesta no texto oral como consequência do processo de enunciação, isto é, “o emprego efetivo que o locutor faz das possibilidades da língua relacionadas ao tópico discursivo em foco”. No artigo de número cinco, Diana Luz Pessoa de Barros organiza seu texto “Negociação de temas e figuras na conversação” em quatro partes distintas, estudadas à luz da Semiótica. No artigo seguinte, Hudinilson Urbano, na dupla perspectiva (a da fala e a da escrita) estuda dois verbos de elocução (falar e dizer), não apenas do ponto de vista puramente lexical, mas também sob um enfoque léxico-sintático-pragmático. Os tratamentos familiares e a referenciação dos papéis sociais constituem o tema do artigo de Luiz Antônio da Silva, que estabelece quatro níveis de análise: o das formas pronominalizadas; o das formas nominais; o das formas vocativas; e o de outras formas referenciais. Zilda GasparOliveira Aquino estuda o léxico no discurso político, procurando mostrar como se organizam, nesse gênero textual, as unidades lexicais que se apresentam na formulação dos enunciados. Leonor Lopes Fávero trata do léxico nas correções, insistindo particularmente nos marcadores verbais utilizados no processo de construção do texto falado. Seu corpus compreende as três modalidades de inquérito do Projeto NURC/SP: diálogo, entrevista e elocução formal. O problema dos modalizadores de dúvida e suposição é tratado no texto de Paulo de Tarso Galembeck, tendo como corpus o conhecido programa de entrevistas da TV Cultura de São Paulo, “Roda Viva”. O artigo de Nilce Sant’Anna Martins estuda o problema da criação neológica nas obras de Guimarães Rosa, acentuando principalmente o aspecto artístico da criação do conhecido autor brasileiro, cujos processos lexicogênicos revelam, às vezes, segundo a autora, “insólita liberdade”, em relação àqueles tradicionais do sistema linguístico do Português. Por fim, no décimo segundo artigo, Ieda Maria Alves considera o problema de que os estudos sobre a neologia lexical têm-se dirigido, em geral, para a língua escrita e, por isso, seu artigo “A neologia na língua falada” trabalha com um corpus constituído por dez emissões do Programa “Conexão São Paulo”, transmitido pela Rádio USP.