“…E esse é o grande mérito desse livro: quase um manual, um roteiro para os processos da alma.”
(Denise G. Ramos – Vice-presidente da International Association for Analytical Psychology, 2001)
“Mantendo-se em um campo factível, que é o da investigação simbólica destes processos alquímicos na compreensão do mundo natural, a questão gira em torno de demonstrar o que o procedimento alquímico da albedo tem a dizer, em seus aspectos psíquicos. Que o encontro com o caos da prima materia, na fase da nigredo, trata-se, em uma análise junguiana, do tema do encontro com a sombra, transformou-se quase em senso comum no meio acadêmico. Entretanto, na ótica junguiana, qual o sentido da concepção de que, a alma liberta do fardo corporal, pela sua volatilidade, gozava de um espírito tão fugidio, que o adepto se via no trabalho de fixá-lo em um corpo apropriado? Melhor, qual o sentido do processo alquímico, torna o fixo volátil, e, de novo, torna o volátil fixo, para a Psicologia Analítica? Na concepção junguiana, o aspecto psicológico da albedo engloba nada mais, nada menos que a temática axial da teoria: a ‘passagem para o centro’, isto é, a união dos opostos. Conforme o axioma central da alquimia, Non fieri transitum nisi per medium (Não ocorre a passagem< a não ser por um meio), a Coniunctio nem sempre representa uma união imediata e direta, porque necessita de um certo meio. Tal procedimento é descrito pela alquimia, na passagem do branco para o vermelho, respectivamente da albedo para a rubedo alquímica. Psicologicamente, trata-se mais precisamente da necessidade de protegermos o eu contra o inconsciente e de integrarmos o segundo no primeiro.”
(O Self e a Pedra Filosofal)
O presente livro resulta da dissertação de mestrado da autora na PUC/SP, elaborada sob a minha supervisão. Foi assim com grata satisfação que vi este volume vir à luz, de modo a atingir um público mais amplo. De fato, o presente texto apresenta um conteúdo que, apesar de rico e instigante, é pouco conhecido do leitor. Em sete capítulos e mais uma Conclusão, a autora apresenta um aspecto do pensamento de Carl Jung, sua análise da alquimia enquanto manifestação da profundidade psicológica do homem. Ao fazê-lo, ressalta um alquimista em particular, Gerardus Dorneus, que viveu na Alemanha no início do século XVII, com sua leitura dos três graus de conjunção alquímicos, em direção à vivência religiosa no Unus Mundus. Além de um embate com a própria obra de Jung, a autora recolhe um número significativo de outras fontes, alquímicas ou não, para dar sustento à sua tese. Com erudição, desenvolve seu argumento ao dialogar com essas fontes, enfatizando principalmente a reconciliação, tanto psicológica quanto religiosa. Assim sendo, é um livro recomendado não só para os interessados em Jung e na Psicologia Analítica, como também para os que desejam conhecer melhor esta fascinante prática que tanto marcou o oriente e o ocidente, a alquimia.
(Eduardo Rodrigues da Cruz, prof. titular no Depto Ciências da Religião, PUC/SP)