Resultado de uma tese de doutorado em História na Uerj, esta obra evidencia, através das representações jornalísticas, retratações de vários personagens negros que ajudam a demonstrar as permanências da escravidão e a situação de precariedade da inserção da população negra na sociedade brasileira no período posterior à abolição.Partindo da análise de jornais cariocas, dos anos de 1888 a 1900, a maior parte das representações encontradas se tratavam da cidade do Rio de Janeiro, mas também há ocorrências de notícias de outros lugares do estado, do Brasil e também de outros países da América, da África e da Europa. Os dados foram recolhidos principalmente de dois jornais de grande circulação no Rio: "O Paiz" e "Jornal do Brasil".As descrições dos jornais sobre os negros se concentravam em problemas de saúde, violência urbana, acidentes e mortes. Nesse contexto, um dos dados mais significativos apresentados nesta obra aponta que, embora fosse forte nos jornais o estigma do negro como "criminoso", era muito mais recorrente o número de casos de violência sofrida.Estrangeiros e policiais se destacavam como os grupos que, por diversas vezes, demonstraram práticas violentas contra negros de maneira desproporcional aos agravos relatados, resultando na morte de diversas pessoas, o que aponta para uma forte discriminação na época.Em relação ao papel exercido pela imprensa no contexto do pós-abolição, embora os jornais tivessem uma importante função de mediação, não se verifica nas páginas dos periódicos um debate profundo sobre os problemas que os negros brasileiros vivenciavam no país.Leia mais